sexta-feira, 13 de março de 2009

Humanismo - Bruno Volski

Mas que diabos é isso?

Mais que simplesmente dizer que a presente gestão do CA é humanista vamos fazer um aprofundamento (dentro dos estreitos limites do espaço e do conhecimento que dispomos), e aproveitamos para divulgar esse ideal.

Para uma análise mais acertada da profundidade do tema teríamos que partir dos filósofos pré-socraticos, passando por Sócrates, Platão, Aristóteles, chegando finalmente em Cristo, atravessando atentamente a idade média, e teríamos que seguir minuciosamente observando a renascença, atentar as proposições socialistas, e embrenhar-se no existencialismo, um caminho com, talvez uma centena de grandes personalidades, e uma infinidade de anônimos, mas que, por excelência, foram indispensáveis para todo o processo histórico. É claro que não temos espaço para tanto, portanto, desculpem-nos a redução do tema.

Humanismo, do ciceroniano “humanitas”, pode ser entendido como cultura, erudição, dignidade, comportamento correto e civil. O surgimento, propriamente dito, do humanismo se deu no inicio da idade moderna, no renascimento, sob o contexto de busca pelo antigo, de criação do novo e de valorização do homem; podemos distinguir dois aspectos (porem, não separá-los), o filológico, que limita-se à busca pelas realizações da antiguidade, e o aspecto filosófico, que centraliza o homem como base para a compreensão do universo.

Bem, vamos então ao que interessa para este pequeno espaço.

Se pudesse sucintamente descrever o humanismo hoje, diria simplesmente: é a doutrina que estabelece o ser humano como finalidade e não como meio. O ser humano, esse agregado psíquico, biológico, social e espiritual, consegue estabelecer apreciações de si, do próximo e da natureza de maneira distinta dos demais seres, compondo uma capacidade abstrativa e criativa inigualável, tornando-se apreciável, e como tudo que é apreciável constitui valor (apesar do valor não ser constituído somente pelo que é apreciável), o ser humano torna-se um valor, sendo algo que se compõe como desejável ou amável.

Por não constituir meio, mas sim fim, além de se estabelecer como valor, o homem se estabelece como valor absoluto, o que não significa que seja o absoluto.

Um valor, alem de não poder ser lesado, deve ser afirmado; desdobrando para efeito prático: muito alem de não ser nocivo ao ser humano é fundamental um movimento ativo no sentido de promovê-lo. Dentro da promoção do individuo creio que o amor é a forma mais valorosa nesse intento.

Como amor, entendemos toda ação que se dirige ao próximo no sentido de promover o sujeito dentro de sua singularidade, disposto a destacar e potencializar a experiência alheia, proporcionando ao ser despertar para o valor de si. O amor “incondicionaliza” as relações, e para não estabelecer condições para se relacionar é fundamental aceitar a singularidade do individuo em suas diversas disposições em apresentar a própria profundidade de si, para tanto é empático (na próxima edição discutiremos a empatia).

Para quem ama, sente a realização como ser humano, pois tendo como propriedades espirituais a comunicação, a interação, a socialização, deve ofertar aquilo que lhe é intrínseco em essência para se ser, assim, na medida que ama se afirma como humano.

Já para o sujeito que recebe o amor, experiencia o valor que a si atribui, e sentindo-se aceito encontra coragem para se Ser, e é nesta ultima ação, que o estado de plenitude pode ser atingido (estado dinâmico, que será discutido também na próxima edição).

E agora galera? Em medicina como é que fica nessa parada toda?

Fica em todo o lugar. O próprio conceito mais abrangente de saúde que diz ser o estado que faculte a liberdade ao sujeito tanto nos aspectos psíquicos, biológicos, sociais quanto espirituais, pode ser corroborada com a ação humanista, na medida que promove o sujeito em sua autonomia e autonomia faculta a liberdade que por sua vez garante a saúde.

“... se querer o outro como fim é amá-lo, querer o outro como fim é querer sua máxima realização. Realização plena de suas faculdades, de suas potencialidades, de suas aspirações. Realização plena, sobretudo, de sua liberdade, que é a característica e, num certo sentido, o constituinte da pessoa.” Pedro Dalle Nogare

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